Talvez amanhã comece a escrever um longo poema para ti mais um
em que navego à vista do mundo onde se esconde a palavra-talismã
o silêncio do vizinho de cima desperta-me a tempo de evitar a retórica da repetição
envio-te uma mensagem a dizer que troco um olhar por palavras e um trago de vinho
fico à espera a emendar palavras e a aquecer o vinho e respondes que sim
apetece-me dormir mas ainda vou desenhar um coração de anjo ao contrário
está muito frio no sítio onde se esconde a alma ou um pouco mais abaixo
aconchego-me ao quente de três mil watts e adormeço ao som de uma voz tropical
ao som de uns versos simples e rimas fáceis que mudam a vida toda em versos livres
sonho com a palavra-talismã e amanhã talvez amanheça despido de todas as palavras.
domingo, agosto 17, 2008
domingo, abril 03, 2005
Acaso
Desde Setembro que não mexia nisto... Tentei ver como se colocava uma fotografia noutro local através do Hello e ela veio aqui parar contra minha vontade. Cá ficará, tão inútil como tudo o resto.
Não prometo que volto nem que não volto.
Beijos & Abraços.
Não prometo que volto nem que não volto.
Beijos & Abraços.
sábado, setembro 25, 2004
domingo, julho 18, 2004
Foi depois da morte da engenheira Maria de Lourdes Pintasilgo
Depois de me ter enojado com hipocrisias, mentiras, injúrias e memórias recauchutadas - antes e agora.
(para a Isabel Frazão)
Chamavas-te isabel e em frazoa
te efeminávamos o apelido
talvez para te compensar do homem
que se foi e te deixou viúva
alegre e sempre capaz de mais
um esforço pelo teu filho
pelo partido não importa quem
sabiamos-te a tristeza de dentro
e um dia os teus olhos brilharam
mais quando o nome da engenheira
foi aceite pelos teus camaradas
como candidata à presidência tu
sorriste abriste os olhos e as mãos
e falaste embora todos pô-la lá
e depois mais tarde os teus camaradas
disseram que afinal a engenheira
tinha sido da câmara corporativa
e era lésbica e era da opus dei
e isso fechou-te a boca e a cor
e isso deu-te o cancro da traição
e quando todo o teu corpo amoleceu
irremediavelmente o teu filho
correu a dizer ao partido
eu vou crescer e vão pagar-mas.
(d'A Realidade Inclinada, Lisboa, Averno, 2003: 84)
quinta-feira, julho 01, 2004
quinta-feira, abril 01, 2004
sexta-feira, março 26, 2004
domingo, março 21, 2004
quarta-feira, março 10, 2004
terça-feira, março 09, 2004
segunda-feira, março 08, 2004
sexta-feira, março 05, 2004
segunda-feira, março 01, 2004
sábado, fevereiro 28, 2004
Encosto-me às paredes com umas quantas pequenas verdades nas mãos cerradas. Não ter as outras já não dói, apenas cansa. O corpo é um rio confundido entre a montanha e o mar. O meu dizer não sustém o mundo. Nem ele as minhas palavras.
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