domingo, novembro 23, 2003
A calçada do general continua triste – mas agora tem luzes falsas penduradas em arcos de ferro. O meu guardião rumina pensamentos de sabotagem.
O meu guardião olha há várias horas para uma tampa de caneta. É de temer o pior.
Um poeta procura decifrar um corpo. De mãos nuas e ainda com cinza nos olhos.
Anoitece na casa se passar as tardes. Colamo-nos às paredes e esperamos pelo primeiro grito.
Perscruto sombras no negro das paredes. Antigamente, vertiam copiosas lágrimas.
Acendo um livro – mais um. As cinzas correm para o rio mais próximo.
Em tempos, o meu guardião aprendeu a arte de enxertar rios. Agora é a minha vez.
Onde guardaste a memória? O meu guardião é um ser infinitamente paciente.
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