sábado, novembro 08, 2003


O tempo distende-se. Compacta-se. Assim passa os dias o meu guardião. Com os fios do tempo a tecer vazios.

Junto à casa de passar as tardes há outras casas. Enxames de vozes. Retinir de vidros. Silenciam-se ao chegar da noite.

Hoje trouxe o cansaço das grandes planícies. E cheiros de manjerona e alecrim. Foi preciso um rio para me recompor.

O meu guardião mede as palavras do dia. Entre os espaços em branco adormece. À noite finge cansaço. E eu finjo acreditar.

Sob a casa de passar as tardes corre um rio de lava. E nos céus um alarme de mudança.

Há segredos nos textos. Textos secretos, contraria o meu guardião. Controvérsia antiga.

Um corpo dói, quando se desperdiça. Doença das palavras, chama-lhe o meu guardião.

Todos os dias o meu guardião sacode o seu pó de ouro.

Digo: não sei. E depois falam-me com palavras frouxas.

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