segunda-feira, junho 30, 2003

CONVERSAR SOBRE TEATRO (2)

Entra na conversa o Carlos Piecho (carlospiecho@netcabo.pt):

Vamos falar de teatro: o subsídio, o actor expulso, a crítica/professora, as condições para, a quantos quilómetros fica o LUX. Como diz Brook “o lúcido”, é sempre a “roughness” – a forma bravia, rude, sem estilo,– que vem salvar a situação.
Enquanto a conversa estilosa e de circunstância, decorre sobre o subsídio, o actor expulso, a crítica/professora, as condições para, a quantos quilómetros fica o LUX, o mundo continua a girar e o teatro que nasce porque rebenta continua a ser feito, por pessoas que ninguém conhece, para pessoas que ninguém conhece, em sítios que ninguém conhece, sem que no LUX se dê conta, porque a conversa, lânguida, vagueia entre os amiguinhos/inimiguinhos do ministério, as férias/estágio em NY e o novo DJ.


CRIADO
Senhor.
DIRECTOR
Que é?
CRIADO
Está aí o público.
DIRECTOR
Que entre.
(Entram quatro cavalos brancos)
DIRECTOR
Que desejam? (Os Cavalos tocam as trombetas) Era assim se eu fosse um homem capaz de suspirar.
O meu teatro será sempre ao ar livre! Mas perdi toda a minha fortuna. Se não envenenava o ar livre. Basta-me uma seringa pequenina. Fora daqui! Fora da minha casa, cavalos! Já se inventou a cama para dormir com os cavalos. (Chorando) Meus cavalinhos.
(Início do Primeiro Quadro de “O Público”, de Federico Garcia Lorca).

Sem comentários: