Uma chuva é íntima
Se o homem a vê de uma parede umedecida de moscas;
Se aparecem besouros nas folhagens;
Se as lagartixas se fixam nos espelhos;
Se as cigarras se perdem de amor pelas árvores;
E o escuro umedeça em nosso corpo.
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Agora ele está pensando –
no silêncio líquido
com que águas escurecem as pedras...
Um tordo avisou que é março.
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Choveu na palavra onde eu estava.
Manoel de Barros, Gramática Expositiva do Chão, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1996: 292/3; 297
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