Ando pela ilha a falar de amor eu que nada sei do amor
ainda agora mesmo o deixei cair num caldo de peixe
na ponta de são joão a olhar o cinzento do oceano
perturbado pelo azul talvez também o dos teus olhos
desculpa não me lembrar mas acontece-me sempre o mesmo
os meus olhos começam por não ver a cor dos outros olhos
apenas uma luz um brilho que me retém ou não desculpa
não é destas bagatelas de cores e brilhos que quero falar-te
na verdade desfio palavras porque não sei o que dizer-te
ou que palavras usar para te dizer o que ainda não sei
falo no presente que já é passado e é preciso que seja assim
ou talvez não como diria a nossa amiga que agora olha a morte de frente
no presente que agora se desdobra em futuro chove e não cheira a terra
isto não passa de uma informação útil como um horário de avião
de facto o que me apetece é voltar a ser ilha junto de ti
e não ter nada de especial para dizer apenas ouvir
ou deixar que o silêncio fique branco e nele escreva não sei
aqui de certeza chove.
cam (inédito, 2002)
(gosto mesmo desta imagem...)
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