domingo, setembro 28, 2003

Ratos


[8]

Zute!
O aço da mola
dá-lhe o golpe quase mortal.
Terminada a agonia lenta
os seus camaradas vão
saboreá-lo à sobremesa
depois do prato principal
de pão besuntado de banha.


[9]

O brilho purpurino num par de olhos
é o brilho de um grito de clemência
- de quem tem o pescoço
sob a mola de aço de uma ratoeira.
Os olhos são
mais azulados
quando come
o pão engordurado
a banha ou azeite.
Primeira lição de teoria das cores.


[Os poemas são do meu livro Mundo de Aventuras: a foto surripiei-a ao Chapeleiro Maluco mas tirei-lhe a cor]

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