sexta-feira, julho 04, 2003

AMIGOS PARA SEMPRE

"O cenógrafo, figurinista e artista plástico António Lagarto é o novo responsável artístico do Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa, após o pedido de demissão, na passada terça-feira, do actor João Grosso do cargo de vogal artístico da Comissão de Gestão deste teatro. António Lagarto aceitou o convite do Ministério da Cultura e regressa, assim, a uma casa que conhece bem. Em Setembro de 1989, quando Ricardo Pais assumiu a direcção do teatro, Lagarto foi um dos seus subdirectores, tendo permanecido no lugar após a saída de Pais (Novembro de 1990), integrando a equipa de Agustina Bessa-Luís (até Outubro de 1993). Como cenógrafo também tem visitado com alguma regularidade a sala do Rossio _ com a companhia trabalhou, por exemplo, em Anatol (1978) de Schnitzler, Fausto. Fernando. Fragmentos. (1988) a partir de Pessoa ou Clamor (1994) de Luísa Costa Gomes, todos com encenação de Ricardo Pais. Aliás, o actual director do Teatro Nacional de São João, no Porto, é um dos encenadores com quem Lagarto mais tem colaborado: desde Ninguém _ Frei Luís de Sousa, uma produção de 1978 com Os Cómicos, até hoje _ trabalham juntos Um Hamlet a Mais, com estreia marcada para o São João no dia 23 deste mês."
(Diário de Notícias, 4 de Julho de 2003).


Ricardo Pais

REACÇÕES
"Ricardo Paes (Encenador e director do Teatro Nacional S. João). «Naturalmente, António Lagarto é muito benvindo, num momento tão difícil para a gestão dos teatros nacionais. Registo com agrado o facto de um artista com créditos na gestão cultural estar à frente de uma instituição de produção cultural.» Luís Miguel Cintra (Actor, encenador, director do Teatro da Cornucópia, que co-produz com o D. Maria II «Tito Andrónico» _ em cena no Rossio _ e «Anatomia Titus: Fall of Rome» _ a estrear na Cornucópia). «É inacreditável que não haja uma definição de política teatral para os teatros nacionais e de fomento da actividade teatral em geral. Na falta dela, é completamente irrelevante discutir nomes de pessoas.» Miguel Abreu (Actor, encenador e director artístico do Grupo Cassefaz e do Teatro Municipal Maria Matos). «Acho bem; não é que não achasse bem o João Grosso, mas, uma vez que não quer continuar, António Lagarto conhece bem o Teatro Nacional D. Maria II, já foi subdirector, trabalhou lá bastantes anos. Assim ele tenha os meios necessários para trabalhar.» João Mota (Actor, encenador e director da Comuna _ Teatro de Pesquisa). «Conheço o António Lagarto há bastantes anos e o que posso dizer é que é uma pessoa muito competente. Mas esta é a primeira vez que ele vai assumir responsabilidades de direcção artística numa companhia de teatro.» Carlos Avilez (Encenador, director do Teatro Experimental de Cascais e ex-director do Teatro D. Maria II ). «Desde que saí do D. Maria II, nunca mais fiz comentários sobre o assunto. Quanto à nomeação de António Lagarto, espero calmo, apenas como observador, mas não faço quaisquer comentários.» Lúcia Sigalho (Actriz, encenadora e directora da Companhia de Teatro Sensurround). «Não tenho por hábito comentar nomes de pessoas. Mas espero que haja rapidamente uma definição das linhas de orientação do D. Maria II. Toda a gente do teatro português está empenhada em que haja uma clarificação da situação do Teatro Nacional D. Maria II.» Jorge Silva Melo (Actor, encenador e director dos Artistas Unidos). «Neste momento estou na Alemanha e não quero comentar coisas que desconheço.»"
(Diário de Notícias, 4 de Julho de 2003).


Luís Miguel Cintra

Jorge Silva Melo

«Para o actor, encenador e director do Teatro da Cornucópia Luís Miguel Cintra, "mais do que falar sobre as pessoas que vão ocupar os cargos, interessa discutir uma filosofia global para a actividade teatral. Só depois de definida uma política global é que se pode discutir e definir a função que os teatros nacionais podem ter". Também Lúcia Sigalho, encenadora, actriz e directora da Casa dos Dias D'Água, sublinhou ontem a necessidade de definição das linhas gerais para os teatros nacionais. "É injusto falarmos das pessoas em vez de falarmos dos teatros nacionais. Reconheço-lhe um percurso seríssimo mas é preciso garantias de que a situação do D. Maria seja esclarecida. É preciso definir-se qual a função de um teatro nacional, que devia ser exemplar em termos programáticos e financeiros. Já vai no terceiro ministro sem que a situação do D. Maria se resolva."»
(Público, 4 de Julho de 2003)

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