No blog CRUZES CANHOTO (29 de Junho de 2003), saiu a seguinte prosa sobre o tema dos subsídios ao teatro: obrigado.
«Já ando há tempos para falar dos subsídios do teatro. À direita diz-se que a arte devia sobreviver por si própria, agradar ao público, dar lucro. Esta posição ignora todo o exemplo do passado. São múltiplos os casos de arte que na sua estreia foi um desaire financeiro e hoje é um alicerce cultural (Carmen, de Bizet, só para dar o exemplo mais conhecido e dramático). Também todos sabemos que a maioria da arte que se produziu no passado não foi sustentada pela afluência do público, mas por patronos abastados e mecenas: Bach, Shakespeare, Camões, Gaudí, precisaram de financiamento de terceiros para poder produzir as suas obras-primas. Por isso, restringir o financiamento da arte ao público é perfeitamente absurdo, e terá sempre de haver alguém disposto a financiar obras mais arrojadas sem temer prejuízos financeiros. Se os subsídios estatais não são o ideal, devido aos concursos públicos e peso burocrático, talvez a única solução passasse por maiores incentivos às empresas e particulares para servirem de mecenas. Mas há, claro, um importante entrave a isto: a pouca visibilidade do teatro, que afugenta as empresas ansiosas por publicidade para outras regiões mais atléticas. A solução que eu preconizava seria financiamento parcialmente público das companhias, devendo estas complementar o dinheiro com receitas da venda de bilhetes. Deste modo, mesmo que tivessem de alternar peças mais sofisticadas com outras mais comerciais, as companhias conseguiriam uma autonomia económica que as imunizaria a épocas de crise generalizada ou governos filisteus como o actual. J.»
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