quarta-feira, julho 02, 2003

MUDAM AS MOSCAS... ou ZANGAM-SE AS COMADRES... (1)

«Desespero da espera levou João Grosso a apresentar, ao secretário de Estado da Cultura, José Amaral Lopes, a demissão de vogal com funções artísticas na comissão de gestão do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), para as quais foi convidado pelo ministro Santos Silva (Setembro, 2001), após andar com um pé dentro, outro fora, em sucessão de episódios que noticiámos. À comissão de gestão, presidida por Amaral Lopes antes de ir para a SEC, cabe reestruturar o teatro, dando lugar a direcção efectiva, com nova Lei Orgânica.» (Diário de Notícias, 1 de Julho de 2003)

«O programador Paulo Cunha e Silva confirmou ontem que aceitou dirigir o Instituto das Artes (IA), que funde o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) com o Instituto Português das Artes do Espectáculo (IPAE), mas só admite ser empossado quando o IPAE resolver a questão dos subsídios em atraso. "É uma questão crucial. Não entendo uma política para a criação sem subsídios. Disse ao ministro da Cultura [Pedro Roseta] que não queria ser nem bombeiro nem coveiro da arte contemporânea", disse Cunha e Silva ao PÚBLICO, acrescentando ter a garantia do ministro de que a situação seria "resolvida o mais rapidamente possível".» (Público, 1 de Julho de 2003)
«Defensor da fusão desde o princípio, Cunha e Silva explica que aceitou o convite porque "as artes visuais ficam bem ao lado das artes performativas, dos pontos de vista conceptual e administrativo", e quer que o IA tenha "um papel importante na definição da relação do país com a arte contemporânea". Recusa um instituto que seja uma mera adição do IAC e IPAE: "Vou criar um IA que possa ser uma estrutura mais complexa do que se juntássemos apenas os dois institutos. Para já tenho dois eixos fundamentais: ser provedor dos artistas e da criação - os artistas podem contar comigo - e desenvolver aquilo que está no programa de Governo, ao qual obviamente não posso fugir - a descentralização da criação contemporânea para ultrapassar a vocação canibal de Lisboa e Porto e a aposta na internacionalização, uma vez que Portugal tem um défice de imagem exterior."» (id., ib.)
O deputado Augusto Santos Silva, ex-ministro da Cultura e actual porta-voz do PS para o sector, diz que a escolha de Cunha e Silva é "boa". (id., ib.)«Já o director artístico da Culturgest, António Pinto Ribeiro, foi lacónico: "Sei que é uma pessoa que organiza bem uns colóquios no Porto."» (id., ib.)


«João Grosso demitiu-se da direcção artística do Teatro Nacional D. Maria II em ruptura política com o Ministério da Cultura (MC), que acusa de "total ausência de pensamento" sobre a instituição e o teatro português (...)”» (Público, 2 de Julho de 2003)
«Desde a saída de Carlos Avillez, em 2000, que não é nomeado um director artístico para o D. Maria, ainda hoje dirigido pela comissão de gestão, que entrou em funções durante o mandato de José Sasportes como ministro. Na prática, Grosso assumia as funções de director artístico, mas a sua situação era indefinida já que a indigitação para o cargo depende da aprovação da lei orgânica do D. Maria: o seu cargo era o de vogal da comissão de gestão com a responsabilidade da programação artística.» (id., ib.)
«Ao PÚBLICO, Grosso disse: "Uma reestruturação não é negociar a rescisão de contratos de trabalho. Chego à conclusão que não há uma ideia profunda de reestruturação; não há um projecto político nem para o teatro nacional nem para o teatro em geral. Não há programa sustentado e isto foi repetido por mim até à exaustão.» (id., ib.)«Sobre a ruptura política com o MC, Grosso diz que vai para além das questões relacionadas com o D. Maria: "É aterrador estarmos em Julho e as pessoas não saberem quando vão receber o dinheiro dos subsídios, terem que anular projectos, pedir dinheiro à banca: é a absoluta falta de respeito pelo criador e pelo ser humano. Os actores não são trapos."» (id., ib.)«O MC disse ontem que o projecto de lei foi concluído a 30 de Junho "e mereceu a concordância de todos os membros da comissão de gestão", incluindo Grosso.
Nota ainda que foram "garantidas todas as condições solicitadas pelo vogal João Grosso para o desenvolvimento das actividades de produção artística", e acrescenta que "nem se reconhece qualquer justificação ou legitimidade ao vogal João Grosso para dirigir uma carta à comunicação social, a qual só no dia seguinte foi dada a conhecer à tutela."» (id., ib.)

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