sábado, julho 05, 2003

GESTÃO CULTURAL

Para os senhores e senhoras que "gerem" a nossa "cultura", este textinho anónimo (dizem-me que há versões mais sofisiticadas mas que não são aconselháveis aos neurónios dos ditos: as suas leituras não vão além dos livrinhos da Dona Margarida):

Sinfonia Inacabada, de Franz Schubert

Um administrador, adepto de primeira hora da doutrina neoliberal, ganhou um convite para assistir a um concerto da Sinfonia Inacabada de Franz Schubert. Como estivesse impossibilitado de comparecer, deu o convite ao seu gerente de Organização, Sistemas e Métodos. Na manhã seguinte, o administrador perguntou-lhe se tinha gostado do concerto. Ao invés de comentários sobre o que ouvira e vira, recebeu o seguinte Relatório:

Circular Interna nº 13/98
De: Gerência de Organização, Sistemas e Métodos
Para: Directoria
Ref: Sinfonia Inacabada


1 - Por um período considerável de tempo, os músicos com oboé, não tinham nada para fazer. O seu número deveria ser reduzido e o seu trabalho redistribuido pelos restantes membros da orquestra, evitando-se assim estes picos de inactividade;

2 - Todos os violinos da primeira secção, doze ao todo, tocavam notas idênticas. Isso parece ser uma duplicação desnecessária de esforços e o número de violinos nessa secção deveria ser drasticamente reduzido. Se for necessário um volume de som alto, isso poderia ser obtido através do uso de um amplificador;

3 - Muito esforço foi despendido ao tocarem semitons. Isto parece ser um preciosismo desnecessário e seria recomendável que as notas fossem executadas no tom mais próximo. Se isso fosse feito, poder-se-iam utilizar estagiários em vez de profissionais;

4 - Não há utilidade prática em repetir com os metais a mesma passagem já tocada pelas cordas. Se toda esta redundância fosse eliminada, o concerto poderia ser reduzido de duas horas para apenas vinte minutos;

5 - Enfim, resumindo as observações dos pontos anteriores, podemos concluir que se Schubert tivesse dado um pouco de atenção a estes pontos, talvez tivesse tido tempo para acabar a sua sinfonia inacabada.

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